Ninguém atua sozinho, mas todos sabem que estão participando de uma grande estrutura - essa união é que faz os fenômenos emergentes serem tão complexos. "Emergência é quando uma parte é mais inteligente do que a soma de todas as partes. É o que acontece quando você tem um sistema de componentes relativamente simples e eles interagem de formas simples", explica Steven Johnson, autor do livro Emergência - Dinâmica de Rede em Formigas, Cérebros, Cidades e Softwares (Jorge Zahar Editor, 2003). "E, então, alguma coisa acontece fora desta interação, e o resultado são sistemas complexos de estrutura e de inteligência, normalmente sem planejamento algum."
A cidade pode ser considerada como um “sistema emergente”, um “padrão no tempo” e, um sistema emergente é capaz de aprender. Portanto, a cidade se torna “mais esperta, mais útil para seus habitantes. E aqui, outra vez, a coisa mais extraordinária é que esse aprendizado emerge sem que ninguém tenha conhecimento dele”.
“quando se trata de um sistema emergente é preciso desistir de tentar controlar. É preciso deixar o sistema governar a si mesmo tanto quanto possível, deixá-lo aprender a partir de passos básicos”
Quem não se adequa se exclui e quem tenta liderar acaba frustado porque o sistema pede que as coisas sejam feitas de forma integrada, sem que haja uma única liderança, a quantidade de informações é muito grande e centralizar tudo isso seria impossível.
Hoje em dia, muito se fala em inovações e ideias inovadoras, parece que todo mundo quer ter ideias o tempo todo para ser considerado um criativo, um inovador e até um empreendedor.
Vejamos alguns conceitos-chave citados por Johnson sobre como ter boas ideias:
IDEIAS SÃO UMA REDE - Quando você tem uma ideia, acontece um novo tipo de configuração na sua cabeça. Ideias vêm de redes: rede de neurônios, rede de acontecimentos, rede de pensamentos, rede de sonhos e até rede de pessoas. Uma ideia nunca é um fato isolado.
DICA LENTA E INTUIÇÃO – A maçã de Newton ou Eureka! de Arquimedes são lendas, são contos, podem ser até piadas. Não acreditem nestas epifanias geniais. Ninguém tem uma ideia mágica assim em um minuto, todas grandes e importantes ideias foram geradas depois de muito tempo, muito estudo e muita dedicação. Johnson chama isso de “dica lenta”: nossa cabeça deve digerir todas as dicas que passam por ela ao longo dos dias, lentamente. Devemos aprender a criar ambientes onde estas “dicas” possam florescer, conversar com pessoas que possam jogar mais adubo nessas “dicas” e assim ir formando a ideia dentro da nossa cabeça.
SERENDIPIDADE – Há muitos anos, este termo designava ideias surgidas ao acaso, descobertas fortuitas, como os casos de Newton ou Arquimedes. Hoje, este termo difícil e mais comumente usado em inglês – serendipity – fala de situações e ambientes propícios para a geração de ideias, já que sabemos que o acaso não é suficiente. Johnson cita como fator-chave de sucesso as pessoas (muitas delas). Quanto mais gente envolvida em uma mesma ideia, mais rica e assertiva ela será. Na ultima década, usamos muito uma palavra que resume bem isso: colaboração.
EXAPTAÇÃO – Este termo vem da evolução biológica dos seres. Depois, este termo foi transferido para o significado de qualquer ferramenta que é utilizada para uma outra função que não era sua função primária. Na web, temos milhões de exemplos desses: todas as comunidades virtuais, os e-commerces e os games são exemplos de exaptação do mundo offline para o online. Segundo Johnson, a melhor forma de incentivar a exaptação das ideias é juntar sempre o maior número de pessoas de áreas diversas e pesquisar nos mais variados campos, não se restringir à sua área de atuação. Aqui, ele enfatiza o poder dos ambientes multidisciplinares.
RECICLAGEM – Dando sequência ao conceito anterior, Steven disserta sobre a reciclagem de ideias: “espaços devem ser reciclados, devemos repensar constantemente o ambiente à nossa volta. Ideias são automaticamente reutilizadas quando se juntam novas pessoas a pensá-las. Informações vem do compartilhamento.”
Pensar em arquitetura associada a Jonhson, é pensar em adequar nossas idéias, estarmos sempre aptos e nos relacionando o tempo todo, buscando, estudando, para adubarmos nossa mente para fluírem novos projetos. Não há como projetar, sem conhecer outros projetos... Nossa mente necessita de conheceimento, nossa criação de colaboração.
segunda-feira, 12 de julho de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário